Investir pouco, mas regularmente, funciona?

27 de out. de 2025

Caco Santos, CFP®, responde:

No planejamento financeiro, a regularidade dos aportes é um dos hábitos mais eficazes para quem busca formar patrimônio. Contribuições periódicas, ainda que de valores modestos, criam consistência e permitem que o investidor avance em direção a seus objetivos sem depender de grandes somas iniciais ou de tentativas de prever o melhor momento para investir.

Um grande diferencial está no poder dos juros compostos. Ao reinvestir os rendimentos, cada nova aplicação se soma ao saldo acumulado, ampliando a base que continuará rendendo. Aportes frequentes aceleram esse processo, pois adicionam capital novo continuamente. Em horizontes longos, esse efeito torna-se expressivo, reforçando a importância da disciplina.

Outro benefício é o chamado custo médio de aquisição. Investindo mês a mês, compramos ativos em diferentes preços, o que reduz a influência de momentos de alta ou de queda no mercado. Dessa forma, não é necessário tentar adivinhar a hora certa de investir — algo extremamente difícil mesmo para profissionais. A diversificação natural no tempo torna o processo mais estável e previsível.

Os aportes regulares também estimulam a educação e a organização financeira. Ao reservar parte da renda de forma sistemática, cria-se o hábito de separar antes de gastar. Essa simples decisão muda a lógica do orçamento: em vez de investir apenas “o que sobrar”, o investimento passa a ser prioridade. Os americanos chamam essa estratégia de “pague-se primeiro”. A consistência desse comportamento é tão importante quanto o retorno obtido em cada aplicação.

Um exemplo simples pode ajudar a visualizar: quem investe R$ 500 por mês, a uma taxa média de 12% ao ano, acumulará pouco mais de R$ 843 mil em 25 anos. Se tivesse investido apenas um valor único de R$ 50 mil no início do período, o saldo final chegaria a R$ 850 mil. Ou seja, a constância se aproxima em resultado de grandes aportes iniciais, mas exige apenas disciplina, tempo e paciência. Note, contudo, que é muito importante levar em conta os efeitos da inflação em projeções de longo prazo. R$ 850 mil não comprarão em 25 anos o mesmo que compram hoje! É importante que você reajuste seus aportes ano a ano de acordo com a inflação, de modo a ter um resultado compatível com seus objetivos. Um planejador financeiro CFP® pode te ajudar com essas premissas e cálculos.

Vale lembrar que os aportes devem estar alinhados ao perfil de risco e aos objetivos do investidor. Não existe uma fórmula única: cada família ou indivíduo precisa equilibrar segurança, liquidez e rentabilidade de acordo com seus planos de vida. Nessa definição, o apoio de um planejador financeiro certificado pode ser decisivo. O profissional contribui para estruturar estratégias realistas, diversificadas e compatíveis com cada momento e objetivos de vida.

Manter a disciplina de investir periodicamente exige constância, mas os resultados de longo prazo são expressivos. Com planejamento financeiro adequado, aportes regulares tornam-se um dos pilares mais sólidos para a construção de patrimônio consistente e sustentável ao longo da vida.

Caco Santos é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro.
E-mail:
caco.santos@venetomfo.com.br

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Confira a publicação original do artigo: Valor Econômico