Como proteger meu patrimônio com seguros?

1 de set. de 2025

Martin Hauser, CFP®, responde:

Quando pensamos em planejamento financeiro, a primeira imagem que vem à mente é a de investimentos ou aposentadoria. No entanto, a prevenção é uma etapa essencial e, muitas vezes, negligenciada. Nesse contexto, os seguros exercem um papel silencioso, porém fundamental, como uma obra de saneamento básico: não aparece, mas sustenta tudo.

Eles funcionam como amortecedores financeiros diante de eventos inesperados. Não evitam os imprevistos, mas ajudam a preservar o padrão de vida da família e a continuidade do plano financeiro diante de uma morte precoce, invalidez, acidente, doença ou perda de bens.

O seguro de vida garante proteção financeira em caso de falecimento, diagnóstico de doença grave ou invalidez do segurado. Ele substitui, ainda que parcialmente, a renda que deixaria de existir ou resguarda a liquidez da família. Essa previsibilidade pode ser a diferença entre uma transição suave e um cenário de crise. Algumas seguradoras realizam análise de risco com exames prévios, permitindo “congelar” esse risco no momento da contratação. Em apólices com prêmios nivelados, o custo não aumenta com a idade, o que favorece o planejamento de longo prazo.

Muitos contratos ainda oferecem coberturas em vida: diagnóstico de doenças graves, invalidez parcial ou total, e até mesmo renda hospitalar. Essas proteções não têm como objetivo retorno financeiro, mas evitam que um evento de saúde comprometa todo o esforço de anos de planejamento familiar. Coberturas temporárias como essas geralmente têm renovação a cada três ou cinco anos, o que também precisa ser considerado no plano financeiro.

O seguro de acidentes pessoais, por sua vez, cobre exclusivamente eventos acidentais, excluindo causas naturais. Por ser mais simples e acessível, pode complementar outras apólices, mas não substitui um seguro de vida completo. É mais adequado para quem está exposto a riscos físicos frequentes.

A avaliação sobre qual tipo e valor de cobertura contratar deve considerar fatores como idade, estrutura familiar, regime de bens, composição patrimonial, capacidade de poupança e representatividade dos ativos imobilizados no patrimônio. Nessa etapa, o apoio de um planejador financeiro com certificação CFP® é altamente recomendável.

Imagine uma família cuja principal fonte de renda vem de uma só pessoa. Se essa pessoa sofre um acidente fatal e não possui seguro de vida, os dependentes podem ser forçados a vender bens, interromper estudos ou reduzir drasticamente seu padrão de vida. Mesmo com patrimônio, custos com inventário, advogados e impostos podem comprometer a continuidade do plano financeiro. Uma apólice bem estruturada garante liquidez imediata e pode evitar disputas familiares e conflitos sucessórios.

Os seguros de bens, como os de veículos e imóveis, também são importantes. Sua função é evitar perdas financeiras em sinistros com patrimônio imobilizado. Um incêndio em uma residência ou um dano elétrico em equipamento que gera renda pode comprometer o orçamento e os planos da família. Nesse contexto, o seguro atua como proteção da liquidez para garantir que o impacto não exija liquidações forçadas de ativos ou endividamento.

Seguro não é investimento. É uma despesa estratégica, uma blindagem contra eventos de baixa probabilidade, mas de alto impacto. Deve ser revisto periodicamente, conforme as fases da vida e os objetivos da família evoluem.

Martin Hauser é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. Email: hauser.martinp@gmail.com


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