
Como a economia comportamental explica erros comuns de quem começa a investir?
27 de ago. de 2025
Luciana Araújo , CFP®, responde:
Ao iniciarmos nossa jornada no mundo dos investimentos, é comum enfrentarmos dificuldades que vão além da falta de conhecimento técnico. Muitas decisões financeiras equivocadas não surgem apenas da falta de experiência, mas também são resultado de fatores psicológicos e emocionais que frequentemente não percebemos. A economia comportamental, área que estuda como aspectos psicológicos influenciam as decisões financeiras, é essencial para explicar por que investidores iniciantes cometem certos erros que podem prejudicar seu futuro financeiro, impactando diretamente seu planejamento e aumentando o risco de endividamento.
Um dos primeiros erros frequentemente explicados pela economia comportamental é o excesso de confiança. Muitos investidores iniciantes superestimam sua capacidade de prever o mercado, acreditando que possuem maior controle sobre os resultados financeiros do que realmente têm. Por exemplo, ao se sentirem seguros após obter um ganho inicial com determinado investimento, investidores podem ser levados a tomar decisões mais arriscadas sem uma análise técnica cuidadosa. Essa autoconfiança exagerada pode resultar em prejuízos consideráveis, comprometendo a estabilidade financeira futura.
A aversão à perda é outro aspecto relevante da economia comportamental. Pesquisas indicam que a dor emocional associada às perdas financeiras é consideravelmente maior do que o prazer gerado por ganhos equivalentes. Isso pode levar o investidor iniciante a reagir impulsivamente diante de pequenas oscilações negativas, vendendo rapidamente seus ativos e consolidando prejuízos que poderiam ser temporários. Por exemplo, alguém pode desistir rapidamente de um investimento moderadamente volátil, mesmo que ele apresente boas perspectivas futuras, optando por produtos excessivamente conservadores, com baixa rentabilidade, como a poupança, prejudicando assim seu crescimento patrimonial.
Além disso, investidores iniciantes são frequentemente influenciados pelo efeito manada, ou seja, a tendência de seguir decisões financeiras tomadas por outras pessoas, assumindo que a maioria tem razão. Quando se observa um grupo grande investindo em determinado ativo ou tipo de investimento, como uma ação específica ou criptomoeda, o investidor iniciante pode ser levado a participar sem realizar análises próprias e sem considerar se essa aplicação é compatível com seus objetivos e perfil de risco. Esse comportamento pode causar perdas expressivas caso o mercado mude rapidamente.
Outro comportamento relevante identificado pela economia comportamental é o viés de ancoragem. Esse fenômeno ocorre quando um investidor toma decisões baseadas fortemente em uma informação inicial, como o primeiro preço de um ativo que viu. Por exemplo, um investidor iniciante pode julgar que um investimento é vantajoso simplesmente porque o preço atual está abaixo do preço inicial observado, mesmo sem avaliar adequadamente se o valor atual reflete efetivamente uma boa oportunidade. Tal abordagem superficial pode levar a escolhas financeiras inadequadas.
Além disso, há também o viés de confirmação, que leva o investidor a buscar somente informações que validam suas crenças pré-existentes sobre um investimento, negligenciando ou ignorando dados que contradizem sua visão inicial. Esse comportamento pode resultar em análises incompletas e decisões inadequadas. Por exemplo, alguém convencido da rentabilidade de determinado ativo pode focar apenas nas notícias positivas, ignorando alertas e análises críticas que poderiam indicar potenciais riscos.
Todos esses aspectos estudados pela economia comportamental destacam o quanto nossas emoções e hábitos influenciam diretamente nossas decisões financeiras, muitas vezes de forma inconsciente. Embora seja difícil eliminar completamente esses padrões emocionais e psicológicos, o simples fato de reconhecê-los já contribui significativamente para decisões financeiras mais conscientes e equilibradas.
Investidores iniciantes podem se beneficiar ampliando o conhecimento técnico sobre investimentos, definindo objetivos claros e coerentes com seu perfil e investindo em autoconhecimento para compreender melhor sua própria forma de tomar decisões financeiras.
Luciana Araújo é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: luciana@ippla.com.br
As respostas refletem as opiniões do autor e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

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