
Como planejar aposentadoria, considerando particularidades de quem não tem carteira assinada?
10 de set. de 2025
Oswaldo Meireles, CFP®, responde:
Planejar a aposentadoria é um desafio para todos, mas para autônomos, freelancers ou empreendedores – todos sem carteira assinada – exige ainda mais atenção. Sem o respaldo do INSS via empregador, o planejamento financeiro se torna fundamental para garantir um futuro tranquilo. A boa notícia? Com disciplina e estratégia, é possível construir uma aposentadoria independente e segura.
Primeiro, é preciso entender a renda atual e os gastos. Quem não tem carteira assinada pode enfrentar variações mensais no faturamento. Por isso, o passo inicial é criar um controle financeiro pessoal e registrar as entradas e gastos por pelo menos três meses. Esse exercício traz clareza à situação financeira atual e ajuda a identificar o quanto sobra para investir. Por exemplo, um freelancer que ganha R$ 5 mil em um mês e tem gastos de R$ 4,5 mil tem R$ 500 para poupar. Com esse controle, ele consegue saber exatamente quanto pode contribuir para sua aposentadoria.
Com a renda mapeada, o próximo passo é construir uma reserva de emergência. Ela funciona como um colchão financeiro, proporcionando conforto e proteção em situações inesperadas, como queda na renda, problemas de saúde ou despesas imprevistas. O ideal é guardar de 6 a 12 meses do custo de vida. Imagine um autônomo com custo mensal de R$ 3 mil; a reserva ficaria entre R$ 18 mil a R$ 36 mil. Esse valor deve ficar em um investimento seguro e de fácil acesso, como um CDB com liquidez diária, que oferece rentabilidade superior à poupança e é protegido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil por CPF, por instituição, sendo amplamente oferecido pelas instituições financeiras do país.
Depois de garantir essa reserva, é hora de pensar na aposentadoria em si. Os planos de previdência privada são boas alternativas de investimentos de longo prazo. Eles permitem aportes mensais flexíveis, ideais para quem tem renda variável, e oferecem opções como o regime regressivo de tributação, em que o Imposto de Renda cai para 10% após 10 anos, a menor alíquota quando comparado a outros investimentos. Citando um exemplo, um autônomo que investe R$ 400 por mês em um plano com retorno médio de 7% ao ano pode
acumular cerca de R$ 315 mil em 25 anos. Esse tipo de investimento complementa a renda no futuro e pode se tornar sua aposentadoria convertendo em renda mensal. Nesse estágio, é importante conhecer o perfil de investidor(a) e aplicar em um plano que esteja aderente com este perfil.
Outra opção de investimento são os títulos do Tesouro Direto, especialmente o Tesouro IPCA+. Esse título público tem a remuneração atrelada à inflação, medido pelo índice IPCA, mais uma taxa de juros prefixada, garantindo que o poder de compra do seu investimento seja mantido. Ao investir nesse título, você se protege contra a inflação sabendo que seu investimento crescerá a uma taxa acima da inflação do período quando levado até o vencimento. Além de poupar e investir, é importante evitar dívidas caras. O endividamento com cartão de crédito ou empréstimos de juros altos, como o limite da conta, pode comprometer a capacidade de poupar. Segundo o Banco Central, os juros do cartão de crédito no Brasil superam 400% ao ano e o limite da conta fica em média de 150% ao ano. Por isso, pagar a fatura à vista e não deixar a conta corrente entrar no limite são atitudes extremamente importantes para seu planejamento de longo prazo.
Planejar a aposentadoria sem carteira assinada exige esforço, mas é viável. Com controle financeiro pessoal e investimentos consistentes, a independência financeira na terceira idade deixa de ser sonho e se torna realidade. Ao seguir essas orientações, cada um pode construir um futuro mais seguro e tranquilo.
Lembre-se: o planejamento da aposentadoria é um processo contínuo. Revisar e ajustar seu plano regularmente é fundamental para se adaptar a mudanças na vida e no mercado.
Buscar um planejador financeiro CFP® pode ajudar a organizar esse caminho. Esses profissionais oferecem uma visão externa especializada, ajudando a traçar um plano que considere as particularidades de cada situação financeira. Quanto antes começar, melhor para seu futuro, pois o componente mais importante nos investimentos é o tempo.
Oswaldo Meireles é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro.
E-mail: ogmeireles@yahoo.com.br
As respostas refletem as opiniões do autor e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

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