Como os carros elétricos podem impactar o bolso do consumidor?

22 de out. de 2025

Felipe Cafazzi, CFP®, responde:

A chegada dos carros elétricos e híbridos tem ganhado força no Brasil e no mundo, trazendo mudanças importantes no modo como lidamos com o transporte — e, claro, com o nosso dinheiro. Essa transição afeta diretamente o planejamento financeiro de quem está pensando em trocar de carro, exigindo uma nova forma de pensar os gastos e as economias ao longo do tempo.

Um dos primeiros pontos a se considerar é o valor de compra. Carros elétricos ainda custam mais caro do que os modelos tradicionais a combustão. Isso pode exigir um esforço maior de poupança ou mesmo o uso de financiamento, o que pesa no orçamento mensal. Por isso, é fundamental avaliar se esse tipo de investimento faz sentido dentro dos seus objetivos financeiros, como guardar para a aposentadoria, pagar os estudos dos filhos ou montar uma reserva de emergência.

Por outro lado, os custos do dia a dia com um carro elétrico tendem a ser mais baixos. Esses veículos, por terem menos peças móveis e não usarem sistemas como escapamento ou câmbio convencional, costumam dar menos manutenção. E o custo com energia elétrica, quando comparado ao da gasolina ou do etanol, geralmente é menor — o que pode significar uma boa economia no médio e longo prazo, especialmente em tempos de preços de combustível instáveis.

Outro fator que entra na conta é a infraestrutura de recarga. Embora os postos públicos estejam aumentando, muita gente opta por instalar um carregador em casa, o que representa um custo extra. Dependendo da região, pode até ser necessário fazer ajustes na rede elétrica da residência. Por isso, vale incluir esse gasto no planejamento para entender se o investimento vale a pena e em quanto tempo ele se paga.

Os seguros e tributos também merecem atenção. Como os carros elétricos ainda são novidade no mercado e muitas peças têm reposição mais cara, o seguro pode acabar sendo mais alto. Em compensação, alguns estados e municípios oferecem incentivos, como desconto no IPVA ou até isenção do rodízio, o que pode ajudar a equilibrar as contas. Vale a pena se informar sobre os benefícios disponíveis na sua cidade ou estado.

Além disso, há a questão da revenda. Com a tecnologia evoluindo tão rápido, pode ser difícil prever o quanto um carro elétrico atual vai valer daqui a alguns anos. O mercado de usados para esses veículos ainda está se formando e pode apresentar mais variações de preço do que o dos carros convencionais. Aqui, contar com a orientação de um profissional de finanças pode ajudar a fazer escolhas mais seguras e alinhadas ao seu perfil.

Por fim, não dá para ignorar o apelo sustentável dessa mudança. A mobilidade elétrica está totalmente ligada às metas globais de redução de emissões e ao incentivo de fontes limpas de energia. A tendência é que, com o tempo, esses veículos fiquem mais acessíveis e vantajosos do ponto de vista econômico.

Em resumo, trocar um carro a combustão por um elétrico ou híbrido vai muito além do preço de etiqueta. É preciso olhar com atenção para todos os custos envolvidos — compra, manutenção, seguro, infraestrutura e tributos — e pensar a longo prazo. Nesse processo, contar com o apoio de um planejador financeiro certificado CFP ® pode fazer toda a diferença para tomar uma decisão bem pensada, que cabe no seu bolso e acompanha seus objetivos de vida. Afinal, mais do que uma inovação tecnológica, a mobilidade elétrica representa uma escolha consciente de como queremos gastar — e economizar — nosso dinheiro.

Felipe Peçanha Cafazzi é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro.
E-mail:
felipe.cafazzi@gmail.com

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