Como proteger seu patrimônio em um cenário de menor liquidez global?

25 de ago. de 2025

Beny Fard , CFP®, responde:

A economia global vive um verdadeiro turbilhão em face dos efeitos econômicos pós-pandemia e, mais recentemente, dos movimentos estratégicos do presidente norte-americano Donald Trump, forçando centenas de nações ao redor do mundo a também reverem suas estratégias econômicas e geopolíticas.

Em um período em que os principais bancos centrais do mundo seguem políticas mais restritivas, reduzindo estímulos e elevando taxas de juros para conter a inflação, um cenário se intensifica: menor liquidez global.

Nessa nova realidade, investidores e famílias enfrentam dilemas e desafios importantes: como proteger o patrimônio, evitar o endividamento desnecessário e manter a solidez do planejamento financeiro?

Algumas respostas a tais dúvidas consistem na construção de uma carteira diversificada, mantendo foco em produtos financeiros de qualidade, ativos que protejam o investidor de perdas na bolsa de valores (defensivos) e, por fim, mas não menos importante, uma abordagem mais racional e disciplinada.

Tais alocações podem contemplar ativos de renda fixa, tais como Títulos Públicos Federais indexados à inflação (como o Tesouro IPCA+), que oferecem rendimento real positivo e segurança, servindo como ferramentas valiosas no planejamento financeiro pessoal ao preservar o poder de compra ao longo do tempo, bem como investimentos em CDBs (Certificados de Depósito Bancário) de instituições sólidas, especialmente aqueles com rentabilidade atrelada ao CDI, permitindo retornos conhecidos, com baixo risco e liquidez planejada (de preferência dentro dos limites de cobertura do Fundo Garantidor de Crédito - FGC).

Uma segunda estratégia pode consistir em “olhar para o exterior”, pois em períodos de custo de capital mais alto, aversão ao risco e dólar em alta, ativos internacionais podem servir como instrumentos de proteção patrimonial.

Seja de forma direta, atrelando suas alocações a moedas fortes com ativos dolarizados, ou mesmo via ETFs globais, fundos de investimento internacionais e fundos cambiais, a diversificação internacional pode ser um caminho.

Outra estratégia pode contar com ativos que sirvam como reserva de valor real, dentre os quais o ouro, por meio de Fundos de Ouro, que continuam sendo uma estratégia clássica de proteção, principalmente quando o investidor busca ativos reais que não sofrem com a desvalorização de moedas. Commodities ou ETFs lastreados em commodities também podem ser considerados, pois permitem acesso facilitado a esse tipo de proteção.

Imóveis geradores de renda também são uma estratégia importante, pois a renda passiva é uma meta comum entre investidores com foco em independência financeira, e os Fundos Imobiliários (FIIs), especialmente os atrelados a contratos longos e corrigidos por índices de inflação, mantêm boa atratividade mesmo em cenários de juros altos. Entretanto, nestes casos, é fundamental avaliar vacância, perfil dos inquilinos e a qualidade dos ativos no processo de seleção do FII.

Caso a estratégia esteja aberta à renda variável (perfil de investidor moderado ou agressivo), a alocação em ações de empresas resilientes (Value), priorizando fundamentos sólidos, baixa alavancagem e presença em setores essenciais e defensivos (energia, saúde, consumo básico), pode ser uma boa alternativa.

Por fim, é imprescindível contar com um bom planejamento financeiro, sempre com o apoio de profissionais certificados

Beny Fard é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: beny.fard@b8.partners

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