
Trading de alta frequência ajuda fundo?
24 de nov. de 2025
Elder Campi, CFP®, responde:
Para quem está começando no mercado, pense no pregão como um leilão que não para. Hoje, parte importante das ofertas é colocada por computadores muito rápidos, que atualizam preços muitas vezes por segundo. Chamamos isso de “negociação de alta frequência”: participantes que aproximam compradores e vendedores com agilidade e, em dias normais, tornam as negociações mais fluidas. Órgãos brasileiros descrevem essa prática como negociações automatizadas realizadas em curtíssimos intervalos de tempo.
E onde isso encontra os fundos de investimento? Todo fundo precisa transformar decisões em compras e vendas no pregão. Quando há muitas ofertas, a diferença entre o preço de compra e o de venda tende a diminuir e fica mais fácil negociar sem mexer tanto no preço — o que reduz custos para o cotista. No planejamento financeiro, essa etapa de execução é parte do cuidado técnico esperado do gestor e do acompanhamento feito pelo investidor. Códigos nacionais reforçam a necessidade de processos para buscar a melhor execução possível e gerir o risco de liquidez das carteiras.
Há, porém, um ponto menos visível. Como as cotações mudam muito rápido, acontecem “corridas de milissegundos”: várias máquinas tentam chegar primeiro a uma oferta que ficou desatualizada após nova informação. Quem consegue chegar antes paga um pouco menos; quem chega depois paga um pouco mais. Pesquisadores internacionais mediram esse efeito e estimaram um “pedágio” médio em torno de 0,004% a 0,005% por negócio no mercado analisado. Isoladamente parece pouco, mas, somado em milhares de ordens ao longo do ano, pode impactar carteiras que giram muito.
E o efeito na performance dos fundos? A evidência indica uma compensação: de um lado, negociar fica mais barato em dias normais; de outro, pequenos custos repetidos podem se acumular. Um estudo publicado em periódico acadêmico mostra que fundos com carteiras mais expostas a ações onde a atividade muito rápida é intensa ficaram, em média, cerca de 2,64% ao ano atrás dos menos expostos. Parte da diferença se explica pelo tipo de ação predominante nesses ambientes — papéis muito líquidos e populares, que oferecem menos prêmio adicional a quem carrega esses ativos.
O que isso significa, na prática, para quem faz planejamento financeiro com um planejador financeiro certificado? Primeiro, que execução importa: medir custos, evitar concentrar ordens em horários previsíveis e usar procedimentos que reduzam o impacto das operações no preço faz diferença no longo prazo. Segundo, que gestão de liquidez é peça central do processo do gestor e deve ser acompanhada nos relatórios do fundo. Terceiro, que contar com um planejador financeiro — um que possua a certificação CFP® — ajuda a conectar decisões técnicas do fundo aos seus objetivos de vida e ao orçamento.
Materiais de educação financeira do Banco Central e informações da Planejar explicam o papel do planejamento financeiro e da certificação CFP® nesse apoio ao investidor.
Exemplo: imagine dois fundos que precisam comprar o mesmo ativo. O fundo A espalha as ordens ao longo do dia, monitora os centavos pagos a mais ou a menos e busca ambientes de negociação adequados ao tamanho do lote; o Fundo B concentra tudo na abertura. Se o mercado estiver com pouca liquidez naquele momento, o Fundo B pode empurrar o preço para cima e pagar mais caro, afetando a cota. Em horizontes longos, escolhas de execução como essas, somadas à disciplina de gestão de liquidez, ajudam a explicar diferenças de resultado entre fundos parecidos. Esse olhar técnico faz parte do planejamento financeiro responsável.
Elder Magalhães Campi é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro.
E-mail: elder@averepartners.com.br
As respostas refletem as opiniões do autor e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: consultoriofinanceiro@planejar.org.br
Confira a publicação original do artigo: Valor Econômico

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