Planejar explica como a tributação de dividendos deve mudar o comportamento de investidores e empresas

12 de nov. de 2025

Cobrança de 10% sobre dividendos tende a influenciar políticas empresariais e carteiras de investimento

São Paulo, 12 de novembro de 2025 – A proposta de cobrança de 10% de Imposto de Renda sobre a distribuição de lucros e dividendos acima de R$ 50 mil por pessoa física representa uma mudança relevante na política tributária brasileira. O impacto deve atingir tanto as empresas de capital aberto quanto às decisões de investimento, especialmente nos setores elétrico, bancário e de commodities. Companhias com histórico de altos pagamentos de dividendos precisarão ajustar suas estratégias, equilibrando remuneração de acionistas e reinvestimento. Esse movimento tende a alterar projeções de retorno e critérios de avaliação de empresas listadas em bolsa.

De acordo com Patrícia Palomo, planejadora financeira CFP® pela Planejar, a medida inaugura uma nova fase no mercado de capitais brasileiro. “É uma mudança estrutural. Ela altera a forma como o investidor brasileiro enxerga o retorno do capital e como as empresas definem suas estratégias de recompensar o acionista”, afirma. A especialista observa que companhias com políticas de distribuição mais agressivas devem adotar posturas prudentes, revisando seus planos de lucros e adaptando-se a um ambiente de maior atenção à eficiência fiscal e à sustentabilidade financeira.

O efeito sobre os investidores será imediato. A atratividade das ações focadas em dividendos pode diminuir, enquanto ativos de crescimento e produtos com tratamento tributário mais eficiente tendem a ganhar relevância. Fundos de investimento, debêntures incentivadas e títulos de infraestrutura surgem como opções capazes de preservar rentabilidade líquida em um cenário mais exigente. A escolha dos ativos passará a considerar o peso dos impostos sobre o retorno efetivo, ampliando a busca por estratégias diversificadas e financeiramente mais equilibradas.

Palomo avalia que a mudança exige um olhar mais técnico na gestão das carteiras. “A estratégia de buy and hold baseada unicamente em dividendos perde parte da eficiência. O investidor precisará analisar prazo, liquidez e carga tributária de forma conjunta”, comenta. Segundo ela, a composição dos portfólios passa a depender menos da previsibilidade de proventos e mais da eficiência no longo prazo. Esse processo favorece o uso de ferramentas de planejamento que ajudem a alinhar os investimentos ao perfil e aos objetivos de cada pessoa.

Investidores com rendimentos mensais elevados deverão reavaliar a estrutura de suas participações e buscar alternativas que permitam diferimento tributário. Previdência privada, fundos exclusivos e holdings familiares podem oferecer flexibilidade, desde que construídos com acompanhamento profissional. A decisão sobre onde alocar recursos dependerá de fatores como prazo, sucessão e carga tributária. O momento é propício para rever práticas e adotar uma visão mais ampla sobre gestão patrimonial e planejamento financeiro de longo prazo.

Na avaliação da planejadora, a tributação de dividendos tem também um efeito educativo. “Ela ensina o investidor a incluir o aspecto tributário na estratégia de construção e preservação de patrimônio. É um avanço que exige disciplina e acompanhamento especializado”, explica. A profissional acredita que o tema estimula o amadurecimento do mercado e amplia a consciência sobre a importância da educação financeira. Com o aumento da carga fiscal sobre dividendos, cresce o valor do planejamento como instrumento de proteção de renda e eficiência patrimonial.

No ambiente corporativo, o novo modelo pode estimular a formação de reservas e a retenção de lucros. Empresas com histórico de distribuição frequente tendem a buscar a liquidez e priorizar investimentos produtivos, o que pode reduzir pagamentos no curto prazo, mas fortalecer a operação no médio e longo prazo. Essa reorganização tende a criar um mercado mais racional, em que investidores valorizam fundamentos e sustentabilidade financeira, em vez de ganhos imediatos provenientes de proventos periódicos.

Por outro lado, a manutenção da isenção para instrumentos de longo prazo, como debêntures de infraestrutura, fundos imobiliários, FIAGRO, LCI, LCA, CRI e CRA, deve direcionar parte dos recursos para setores estratégicos da economia. Esse fluxo pode fortalecer o mercado de capitais e estimular o investimento privado em áreas de alta relevância social, como logística, energia e habitação. O amadurecimento da política fiscal brasileira e a crescente busca por eficiência financeira abrem caminho para um ciclo de investimentos mais consciente e sustentável.


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A Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro) é a única instituição no Brasil autorizada a conceder a certificação CFP® (Certified Financial Planner). É afiliada ao FPSB (Financial Planning Standards Board) entidade norte-americana responsável pela divulgação, gerenciamento e controle do uso das marcas CFP® fora dos Estados Unidos.

O Brasil é o quinto país com mais planejadores financeiros certificados, com mais de 11 mil profissionais. No mundo, são mais de 230 mil. A certificação CFP® é uma certificação de distinção que traz um diferencial para a carreira do profissional. Para obtê-la, além de comprovar conhecimentos técnicos por meio de avaliação específica, o candidato também precisa comprovar formação acadêmica, experiência profissional e adesão a um código de ética. Para manter a certificação, o profissional precisa ainda cumprir requisitos de educação continuada.

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