Equipamentos próprios podem gerar até três vezes mais lucro para clínicas, aponta Planejar

São Paulo, 07 de agosto de 2025 – A aquisição de equipamentos como aparelhos de laser, ultrassom e radiofrequência tem grande impacto na operação de clínicas de estética e medicina. Esse tipo de investimento tem o poder de transformar os resultados de uma clínica, ampliando sua capacidade de atendimento, mas também pode afetar diretamente sua saúde financeira. Para entender melhor as implicações dessa escolha, uma análise foi realizada por Wanessa Guimarães, planejadora financeira CFP® pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), que comparou dois cenários: a compra à vista com capital próprio e a compra financiada em 48 meses. Os dados revelam que, embora o financiamento pareça uma alternativa atrativa, ele pode acarretar custos significativamente maiores ao longo do tempo, comprometendo a rentabilidade do negócio e o fluxo de caixa.

Quando se trata de retorno financeiro, o payback, tempo necessário para que o investimento se pague, torna-se um dos principais indicadores. No caso de um equipamento de R$ 500 mil, gerando uma receita de R$ 40 mil por mês e com despesas operacionais de R$ 25 mil, o lucro líquido mensal é de R$ 15 mil. Ao se considerar a compra à vista, o payback ocorre em aproximadamente 33 meses. No entanto, ao incluir o custo de oportunidade, ou seja, o rendimento que o capital teria se investido em outra alternativa de baixo risco, o payback sobe para 47 meses. Isso reflete o impacto financeiro de não utilizar o capital em uma aplicação mais rentável, tornando a compra financiada uma alternativa ainda mais desvantajosa, especialmente quando se considera o retorno ao longo do tempo.

No financiamento, as parcelas mensais representam um grande desafio para o fluxo de caixa da clínica. Com uma taxa de 1,5% ao mês e 48 parcelas, o valor das prestações mensais chega a R$ 14.427,88, reduzindo o lucro líquido nos primeiros anos para apenas R$ 572. O retorno real do investimento só ocorre a partir do quinto ano de operação, após o pagamento do financiamento. Embora o equipamento já esteja em uso, o impacto das parcelas mensais prejudica a capacidade de reinvestir no negócio ou melhorar outros aspectos operacionais, como a contratação de novos profissionais ou a ampliação da estrutura, limitando as opções da clínica para crescer de maneira eficiente. "O financiamento pode parecer acessível a curto prazo, mas o peso das parcelas mensais afeta diretamente a saúde financeira da clínica, impedindo sua flexibilidade", afirma Guimarães.

Do ponto de vista financeiro, a compra à vista é mais vantajosa. Embora o financiamento pareça acessível a curto prazo, o comprometimento do fluxo de caixa nos primeiros anos afeta diretamente a rentabilidade. "Optar pela compra à vista dá à clínica maior liberdade financeira, sem o peso das parcelas mensais, o que facilita o crescimento e a adaptação a mudanças do mercado", explica a planejadora. Essa liberdade permite que a clínica tenha mais flexibilidade para focar em sua operação e no atendimento de qualidade, sem se preocupar com as dívidas mensais e com os riscos associados ao financiamento de longo prazo, tornando a clínica mais resiliente e ágil para se adaptar às mudanças.

Por outro lado, no cenário de compra à vista, o lucro líquido ao final de cinco anos pode chegar a R$ 630 mil, após descontar o custo de oportunidade. Isso mostra o retorno obtido caso o capital tivesse sido investido em uma aplicação conservadora, ao invés de utilizado na aquisição do equipamento. Por outro lado, no financiamento, o lucro líquido é bem inferior, de apenas R$ 207 mil. A diferença de R$ 423 mil mostra que o financiamento resulta em um retorno muito mais baixo, devido aos juros e ao impacto das prestações mensais no fluxo de caixa, comprometendo de maneira integral a capacidade de se investir no empreendimento.

Quando a clínica já tem uma demanda consolidada e um fluxo de caixa estável, a compra à vista se torna ainda mais vantajosa. Nesse caso, o equipamento não só se paga rapidamente, como também aumenta a capacidade de atendimento, gerando mais receita e tornando o negócio mais competitivo. "O pagamento total pago no ato, especialmente quando a demanda já é consolidada, é sempre mais segura e mais vantajosa em uma perspectiva futura", observa a especialista. Em tais casos, a negociação à vista pode ser um grande diferencial, principalmente quando o equipamento traz inovação ou melhora a qualidade do serviço, que consequentemente atrai mais pacientes.

A compra de equipamentos se torna arriscada em mercados dinâmicos ou quando a demanda da clínica não é previsível. Se o equipamento não for utilizado de forma eficiente, o tempo para que o investimento se pague pode se estender, prejudicando as finanças da empresa e comprometendo a operação. Diante disso, o financiamento pode agravar ainda mais a situação, pois as parcelas contínuas aumentam o custo do investimento, mesmo quando ele não gera o retorno esperado, afetando o futuro financeiro da clínica a longo prazo. Esse risco deve ser considerado seriamente antes de tomar a decisão de financiar, pois pode gerar uma pressão financeira desnecessária.

Financiar um equipamento deve ser uma opção baseada em uma projeção realista do fluxo de caixa da clínica. Se a clínica não tiver recursos suficientes para arcar com os custos sem comprometer seu caixa, o financiamento pode se tornar um peso significativo. A clínica precisa avaliar se os ganhos futuros compensarão os custos mensais do financiamento. "Uma previsão incorreta pode afetar a estabilidade financeira da clínica, tornando-a vulnerável a imprevistos ou mudanças econômicas", adverte Guimarães.

O financiamento pode ser uma opção  interessante apenas quando a clínica não dispõe de recursos e possua uma boa margem de cash flow. Mesmo nessa situação, a planejadora ressalta que o equipamento adquirido deve gerar retorno imediato e significativo, justificando os custos do financiamento. A análise de cada cenário deve ser feita com cuidado, levando em consideração os prós e contras de cada alternativa, para garantir que a escolha seja a mais benéfica para o negócio, evitando que a clínica sofra com dívidas adicionais, que possam levar a empresa à falência.

De modo geral, à compra à vista se mostra como a alternativa mais segura e eficiente, especialmente quando a clínica está preparada para lidar com os desafios financeiros e crescer de forma sustentável. Um planejamento estratégico bem feito, aliado a uma análise cuidadosa do cenário e das necessidades do mercado, permite que a torne a decisão mais vantajosa, evitando os riscos do endividamento e assegurando um retorno positivo a longo prazo. Assim, a clínica se coloca em uma posição mais forte para se expandir sem os fardos, podendo crescer com mais segurança e menos restrições financeiras.

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