
O que fazer com o dinheiro extra que o novo Imposto de Renda vai deixar no seu bolso?
10 de dez. de 2025
Antonio Maciel, CFP®, responde:
A partir de 2026, qualquer brasileiro que ganhe até R$ 5.000 estará isento do pagamento de Imposto de Renda. Além disso, para quem ganha entre R$ 5.000 e R$ 7.350, haverá uma redução escalonada no imposto, em comparação com a tabela atual. Cerca de 15 milhões de brasileiros poderão se beneficiar da medida, podendo representar, em termos econômicos, uma maior capacidade de consumo, poupança e investimento, refletindo também de forma indireta na economia brasileira.
Sob a ótica do planejamento financeiro, o cenário pode representar uma boa oportunidade para reconfigurar as finanças pessoais. O dinheiro que antes estava destinado a ser entregue como impostos, agora pode ser direcionado para a criação ou aumento de reservas, diminuição de dívidas e financiamento de objetivos de longo prazo.
Quanto isso representa de ganho a mais?
Os maiores impactos, ao analisar a renda líquida de um trabalhador com INSS e IR retidos na fonte, são para aqueles com rendimentos de R$ 4.000 a R$ 6.000. Nesse caso, aqueles com uma renda de R$ 4.500 ou R$ 5.500 terão um aumento de compensação líquida de 5,2% (R$ 200 e R$ 246 a mais no bolso, respectivamente). A maior vantagem seria para uma renda de R$ 5.000, com um crescimento do valor líquido a partir de janeiro de 2026 — a alteração percentual é a mais alta para eles: 7,5%, que significa um ganho de R$ 313.
Pode parecer pouco à primeira vista, mas são recursos que, se somados ao longo de um ano, podem representar um grande aumento no orçamento familiar.
Como usar esse recurso da melhor forma?
A realidade é que, sem um plano, o dinheiro extra geralmente é absorvido pelos gastos diários. Portanto, o conselho é adotar uma estratégia de planejamento estruturado. Algumas prioridades são:
1. Fundo de emergência: Antes de tomar uma decisão, é importante determinar se já existe uma reserva que possa cobrir de 6 a 12 meses de despesas mensais. Esta “rede de proteção” é idealmente alocada em investimentos de baixo risco e alta liquidez para proporcionar tranquilidade durante uma emergência.
2. Quitação de dívidas: Aqueles sobrecarregados com dívidas de alto custo, como cartões de crédito ou cheque especial, podem utilizar essa “renda adicional” para planejar sua quitação, trazer alívio instantâneo e abrir espaço no orçamento. Em caso de parcelamentos, é importante tentar obter melhores descontos e parcelamentos, negociando com os credores para reduzir o valor total de juros. A "renda adicional" mensal pode ser utilizada para se comprometer com esse parcelamento.
3. Proteção financeira: Com o dinheiro extra, é um bom momento para avaliar a necessidade de seguro de vida, além de seguro saúde e seguro contra invalidez, de acordo com o perfil de cada família. Frequentemente, essa proteção é deixada em segundo plano, mas deve fazer parte de um planejamento financeiro sólido. O fundo de emergência se aplica a algumas situações, mas para as mais sérias (que podem comprometer significativamente o orçamento), a cobertura securitária desempenha papel essencial.
4. Investimento e objetivos de longo prazo: Uma vez que a reserva esteja estabelecida e as dívidas mais caras quitadas, o próximo passo é direcionar os recursos para os investimentos. As opções dependerão do perfil de risco, horizonte temporal e objetivos. Para isso, é importante a orientação de um planejador financeiro certificado.
O novo limite de isenção do IR é uma vitória para milhões de brasileiros, mas o mais importante é como ele será empregado. Essa renda disponível não precisa ser apenas outro alívio temporário; pode se tornar reservas, proteção e investimento para o futuro. A disciplina para valorizar esse recurso adicional de forma inteligente pode ser o fator decisivo entre recair nos antigos hábitos de consumo e finalmente experimentar a verdadeira liberdade financeira.
Antonio Francisco Maciel é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro.
Email: cont.maciel@gmail.com
As respostas refletem as opiniões do autor e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

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