‘Gamificação’ ajuda no planejamento financeiro?

6 de out. de 2025

Rafael Cabral, CFP®, responde:

Quem nunca jogou Banco Imobiliário, Monopoly ou Jogo da Vida? Esses clássicos de tabuleiro colocam os jogadores em situações que simulam escolhas da vida real, como investir em imóveis, planejar uma carreira ou até mesmo lidar com imprevistos financeiros. De forma divertida, eles introduzem conceitos essenciais de planejamento financeiro, como gestão de recursos, investimentos e administração de riscos, muitas vezes sem que os jogadores percebam que estão aprendendo.

Agora, imagine levar essa experiência para o mercado financeiro, com plataformas de jogos que transformam o aprendizado em desafios divertidos, em vez de obrigações. É exatamente isso que a gamificação oferece: uma abordagem inovadora que transforma a educação financeira em uma jornada dinâmica e envolvente. Por meio de elementos típicos de jogos, como recompensas diárias, moedas, rankings, progressão de níveis e desafios, a gamificação incentiva uma competição saudável e mantém os iniciantes motivados.

Em um ambiente que está sempre em transformação, as empresas estão redefinindo a forma de se relacionar com os clientes e essa estratégia torna o aprendizado mais leve, prático e acessível, incentivando a continuidade e promovendo mudanças comportamentais. O que antes poderia ser entediante se torna motivador.

As simulações de investimentos em ambientes virtuais seguros são um dos grandes trunfos da gamificação. Elas permitem experimentar estratégias, compreender os riscos e aprender com erros, sem o medo de perdas reais. Do básico ao avançado, os jogadores desbloqueiam novos níveis à medida que evoluem no aprendizado, construindo uma base sólida para sua vida financeira.

Além disso, o acompanhamento de um planejador financeiro é essencial para validar o conhecimento adquirido com estratégias personalizadas. Esse profissional avalia o perfil, os objetivos de curto, médio e longo prazo e a tolerância ao risco de cada indivíduo ou família, guiando na definição de metas, na escolha de investimentos e na revisão contínua de um plano financeiro.

De acordo com o Banco Central do Brasil, a falta de conhecimento sobre conceitos econômicos básicos ainda é uma das maiores barreiras para que as pessoas construam reservas financeiras e tomem decisões conscientes sobre consumo, crédito e investimentos. A gamificação surge como um facilitador para superar esse obstáculo, aproximando o aprendizado da realidade cotidiana de forma intuitiva e divertida.

O cenário atual reforça a relevância dessa abordagem. Segundo dados reportados pela Bloomberg, estamos vivendo a maior transferência de riqueza entre gerações da história, com grande parte desse patrimônio herdada por gerações mais jovens, como a Geração X, os millennials e a Gen Z. Esses públicos, que já demonstram familiaridade com o ambiente digital e interesse por investimentos com propósito e sustentabilidade, são os mais propensos a engajar-se com esse tipo de entretenimento.

Essa conexão natural com o perfil conectado e exigente das novas gerações torna a gamificação uma aliada poderosa para formar investidores mais conscientes e preparados.

Rafael Cabral é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: Rafael.pirs@icloud.com

As respostas refletem as opiniões do autor e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: consultoriofinanceiro@planejar.org.br  

Confira a publicação original do artigo:
Valor Econômico