
Como escolher entre contribuição ao INSS e previdência privada para garantir futuro financeiro mais seguro?
25 de jun. de 2025
Marcelo Silotto, CFP®, responde:
Planejar a aposentadoria é uma das decisões mais importantes da vida financeira. A dúvida entre contribuir para o INSS ou investir em previdência privada é legítima — e a resposta exige mais do que apenas comparar números. É preciso compreender o funcionamento de cada sistema, suas vantagens e limitações, e como eles se encaixam na sua realidade.
O INSS é o regime público de previdência social brasileiro. Ele funciona no modelo de repartição simples, ou seja, os trabalhadores ativos de hoje financiam as aposentadorias de quem já está fora do mercado. Quem trabalha com carteira assinada contribui com um percentual progressivo entre 7,5% e 14% do salário bruto. Profissionais autônomos podem contribuir com até 20% do valor declarado, limitado ao teto da previdência, o que hoje equivale a uma contribuição máxima de R$ 1.557,20 por mês.
A aposentadoria pelo INSS oferece uma renda contínua e acesso a outros benefícios, como auxílio-doença e pensão por morte. No entanto, essa renda está sujeita a regras variáveis, fórmulas complexas e possíveis mudanças legais. Segundo dados do Ministério da Previdência Social, o valor médio das aposentadorias pagas atualmente gira em torno de R$ 1.800 por mês. Ainda de acordo com o INSS, mais de 65% dos beneficiários recebem até dois salários mínimos — o que evidencia a limitação do sistema para manter o padrão de vida da maioria dos aposentados.
Já a previdência privada segue um modelo de capitalização composta. Nela, o dinheiro investido mensalmente é aplicado em seu nome, rende com o tempo e pode ser resgatado ou transformado em renda no futuro. O valor acumulado depende dos aportes feitos, da rentabilidade dos investimentos e do tempo de contribuição — mas, diferentemente do INSS, a liberdade de escolha e o controle patrimonial são significativamente maiores.
Vamos a um exemplo prático:
Suponha uma pessoa de 25 anos que deseja se aposentar aos 60 e viver até os 95. Com perfil conservador, ela opta por investir R$ 1.000 por mês, começando sem nenhum valor aplicado até o momento. O plano de previdência escolhido apresenta uma rentabilidade esperada de 12% ao ano, e a inflação média projetada para o período é de 6% ao ano. Isso equivale a uma rentabilidade real aproximada de 5,66% ao ano.
Ao final de 35 anos de contribuições, essa pessoa teria acumulado cerca de R$ 1.244.335,00 em valores de hoje. A partir dos 60 anos, ela pode usar esse patrimônio de duas formas:
Se decidir preservar o valor acumulado, poderá realizar retiradas mensais em torno de R$ 4.970,00, considerando uma rentabilidade real estimada de 4,79% ao ano durante o período de uso.
Se preferir utilizar integralmente o patrimônio até os 95 anos, as retiradas mensais poderão ser de aproximadamente R$ 6.168,00.
Essas simulações mostram que, com consistência e planejamento, é possível construir uma reserva significativa ao longo do tempo. Mas é importante lembrar que, para alcançar esse resultado, é fundamental investir de forma diversificada e ajustada ao perfil de investidor. Ao longo da jornada, diferentes classes de ativos podem compor a carteira — como renda fixa, fundos, previdência, entre outros — sempre respeitando a tolerância ao risco e os objetivos de cada fase da vida.
A diferença entre os dois modelos é clara: enquanto o INSS oferece segurança básica e benefícios sociais, ele depende de regras externas, tem um teto de pagamento e oferece renda média limitada. Já a previdência privada oferece maior controle e potencial de renda, mas exige mais envolvimento e gestão individual.
Não há uma resposta única que sirva para todos. A melhor escolha dependerá do perfil de cada pessoa, da situação profissional, da capacidade de poupança e dos objetivos de vida. Por isso, mais do que optar entre A ou B, o essencial é tomar decisões com base em um planejamento financeiro bem estruturado, que considere o todo: fluxo de caixa, investimentos, endividamento, proteção e futuro.
O futuro financeiro não depende de previsões, mas de escolhas bem fundamentadas. Um planejamento bem feito transforma incerteza em direção e dá suporte para decisões consistentes ao longo da vida.
Marcelo Silotto é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: silotto.marcelo@gmail.com
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: consultoriofinanceiro@planejar.org.br

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