Como calcular se vale a pena fazer a portabilidade de um crédito consignado para reduzir juros e melhorar o fluxo de caixa?

10 de dez. de 2025

Marcelo Silotto, CFP®, responde:

A portabilidade de crédito consignado é um recurso previsto pelo Banco Central do Brasil que permite ao consumidor transferir um empréstimo para outra instituição financeira que ofereça condições mais vantajosas, especialmente taxas de juros menores. Para quem busca organizar o orçamento por meio de um planejamento financeiro estruturado, esse é um instrumento relevante para reduzir compromissos mensais e melhorar a saúde financeira no longo prazo.

Antes de decidir pela portabilidade, é essencial comparar corretamente os contratos. A análise deve ir além da parcela atual, avaliando o Custo Efetivo Total (CET), indicador que reúne juros, encargos e demais custos previstos na operação. O CET é a referência mais confiável para comparação, conforme orientações do Banco Central, pois mostra quanto a dívida realmente custa.

O cálculo da viabilidade pode ser feito utilizando a fórmula de amortização do Sistema Price, método presente na maior parte dos contratos consignados. A equação considera saldo devedor, prazo e taxa de juros, e indica o valor da parcela mensal. Quando aplicamos a mesma fórmula ao novo contrato, conseguimos comparar diretamente as duas condições.

Por exemplo, imagine um saldo devedor de R$ 20.000, taxa mensal de 2,4% e prazo restante de 48 meses. A parcela aproximada seria de R$ 689,67. Se outra instituição oferece taxa de 1,8% no mesmo prazo, a nova parcela cairia para cerca de R$ 614,72. A diferença mensal representa um alívio imediato no fluxo de caixa. Para completar a análise, deve-se comparar o custo total da dívida até o fim do prazo, garantindo que a economia mensal não resulte em aumento expressivo do valor final pago.

Além do cálculo matemático, um planejador financeiro certificado CFP® atua observando o impacto da operação na organização financeira como um todo. Em alguns casos, o cliente deseja ampliar o prazo para reduzir a parcela. Embora isso possa melhorar o fluxo de caixa no curto prazo, pode elevar o custo total da dívida. Por isso, é fundamental compreender o objetivo da portabilidade: reduzir juros, reorganizar compromissos ou ajustar o orçamento. Cada situação exige uma análise criteriosa, especialmente em momentos de mudança de renda ou reestruturação financeira.

Outro ponto importante é verificar se não há cobranças adicionais embutidas na proposta. A regulamentação veda tarifas na portabilidade, e qualquer produto adicional deve ser opcional. O consumidor deve solicitar o CET por escrito e compará-lo com o contrato original, garantindo transparência.

Em resumo, a decisão deve se basear em três perguntas fundamentais: a taxa é realmente menor? O custo total da dívida diminui? O fluxo de caixa mensal melhora sem comprometer o equilíbrio financeiro futuro? Quando essas respostas são positivas, a portabilidade tende a ser uma ferramenta eficiente dentro de um planejamento financeiro responsável, contribuindo para escolhas mais conscientes e alinhadas às boas práticas defendidas por profissionais com certificação CFP® e pelas instituições de referência no setor.

Marcelo Silotto é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro.
Email:
marcelo.silotto@raizisfp.com.br

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