Como calcular a rentabilidade real de um investimento, considerando a inflação e a tributação?

9 de jul. de 2025

José Alves Pereira, CFP®, responde:

A rentabilidade de qualquer investimento é, certamente, o fator mais relevante e observado por todos os investidores. No entanto, a compreensão real dos mecanismos que envolvem essas rentabilidades (como impostos, taxas de administração, ganho real, possibilidades de isenção e sucessão patrimonial) ainda é limitada para muitos investidores.

Em geral, não há uma padronização nos investimentos, e as regras de cada modalidade devem ser bem compreendidas no momento da realização de qualquer aplicação, evitando frustrações e surpresas quanto à rentabilidade, à cobrança de taxas e a ganhos inferiores aos esperados.

O rendimento real de um investimento deve ser considerado como aquele ganho obtido acima da inflação. Nessas condições, tem-se a verdadeira valorização do capital investido, considerando a inflação do período. Caso a rentabilidade obtida seja inferior à taxa de inflação, pode-se dizer que o investidor teve seu capital e rendimento abaixo das necessidades de ganho e, consequentemente, perda do poder de aquisição de bens e serviços.

Exemplificando de forma simplificada, suponhamos que um investidor tenha alocado seus recursos em um investimento durante um ano. Nesse período, a rentabilidade obtida foi de 10%, enquanto a inflação atingiu o patamar de 5%. Nessas condições, podemos considerar que o investidor obteve um ganho real de 5% acima da inflação e, com isso, não apenas manteve seu poder de compra, como também o superou.

Em um exemplo inverso, no qual o investidor tenha obtido um resultado de 4% durante um ano de aplicação e a inflação do período tenha alcançado 5%, conclui-se que o investidor teve uma perda real de 1%, uma vez que o rendimento dos seus investimentos ficou 1% abaixo da inflação do período.

O exemplo acima, de forma simplificada, pode ser aplicado a operações isentas de Imposto de Renda, como, por exemplo, LCA, LCI, CRI, CRA, debêntures incentivadas, LIG, LH e poupança. Em alguns desses casos (exceto a poupança), é possível contratar essas operações já considerando uma rentabilidade fixa acima da inflação, eliminando, assim, as surpresas de retornos reais negativos.

Quando tratamos de investimentos sujeitos à incidência de Imposto de Renda, a avaliação do ganho real acima da inflação torna-se mais complexa. Nem todos os investimentos possuem características de isenção fiscal. Fundos de investimentos (abertos e fechados), previdência privada (VGBL e PGBL), renda variável, fundos imobiliários, Tesouro Direto e investimentos no exterior são produtos passíveis de cobrança de Imposto de Renda, cujas alíquotas variam de 15% a 35%, a depender do produto e do prazo de resgate. Nesses casos, para a análise do ganho real acima da inflação, é necessário descontar o Imposto de Renda incidente no momento do resgate e, em seguida, descontar a inflação do período.

A rentabilidade real da carteira de investimentos de qualquer investidor deve ser um ponto de controle contínuo e deve sempre ser considerada em qualquer movimentação ou alteração no portfólio. O assessoramento qualificado é de extrema importância para orientar o investidor nas melhores decisões para a maximização dos resultados, bem como para garantir o ganho real, considerando a incidência de Imposto de Renda, quando aplicável.

Muitos investidores não se atentam aos detalhes, e cabe aos gestores das carteiras de investimentos orientar, de maneira assertiva, os movimentos a serem realizados, considerando os cenários micro e macroeconômicos, a fim de perpetuar os ganhos reais do cliente, seja no investimento realizado de forma individualizada, seja na composição do seu portfólio com dois ou mais investimentos.

 

José Alves Pereira é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: japjr82@gmail.com.

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