Como avaliar fundos de inovação tecnológica?

17 de nov. de 2025

Isabela Bessa, CFP®, responde:

Investir em fundos de inovação tecnológica costuma despertar interesse, já que estamos falando de setores que podem transformar a forma como vivemos (como, por exemplo, inteligência artificial, biotecnologia e energias renováveis). Mas, para que essa empolgação não leve a decisões arriscadas, é importante que o investidor saiba o que avaliar na hora de investir nesse tipo de fundo.

1. Retorno em relação ao risco

Não basta olhar apenas para a rentabilidade. Um fundo pode ter subido muito em um ano e caído no seguinte. Para medir se o retorno compensa o risco, investidores usam índices como o Índice de Sharpe. Ele mostra quanto o fundo entregou acima da taxa livre de risco em relação à volatilidade da carteira, ou seja, se o ganho obtido valeu a oscilação enfrentada.

2. Volatilidade e drawdown

A volatilidade mede a variação dos retornos de um fundo. Quanto maior, mais instável é o desempenho. Já o drawdown mostra a maior perda acumulada em determinado período, indicando qual foi a distância entre o ponto mais alto e o mais baixo do investimento. Essas métricas dão clareza sobre o tamanho das quedas que o investidor pode enfrentar e ajudam a avaliar se ele tem perfil para suportar tais oscilações.

3. Diversificação

Fundos de inovação não devem concentrar todo o capital em uma única empresa ou segmento. A análise pode ser feita observando:

  • a quantidade de ativos na carteira;

  • a exposição por setor (inteligência artificial, biotecnologia, energias limpas etc.);

  • e a distribuição geográfica.

Quanto maior a diversificação, menor o risco de um evento específico comprometer toda a carteira.

4. Comparação com índices de referência

É importante avaliar se o fundo acompanha ou supera benchmarks que representem o setor de tecnologia. Entre os principais índices usados como referência estão:

  • Nasdaq 100 – reúne grandes empresas de tecnologia dos EUA;

  • MSCI ACWI Information Technology – acompanha empresas globais de tecnologia;

  • S&P Kensho New Economies – voltado para setores inovadores, como robótica e energia limpa.

A análise de métricas como o tracking error (diferença entre o desempenho do fundo e o do índice) ajuda a entender se o gestor está próximo do mercado ou se assume riscos adicionais para tentar superá-lo.

5. Custos

Taxas de administração e performance reduzem diretamente a rentabilidade líquida. A comparação entre fundos deve sempre considerar o custo total versus os resultados entregues. Em inovação, onde as taxas são mais altas, é fundamental verificar se o desempenho líquido compensa o que foi pago, já que taxas elevadas podem corroer boa parte dos ganhos ao longo dos anos.

6. Prazo de investimento

Além das métricas de risco e retorno, é importante olhar para a liquidez do fundo e o prazo médio dos ativos da carteira. Investimentos em empresas inovadoras tendem a ter ciclos longos de maturação, o que exige do investidor um horizonte de longo prazo e paciência para lidar com períodos de queda sem comprometer seus objetivos.

A escolha de um fundo deve estar sempre conectada ao planejamento financeiro pessoal e aos objetivos de vida do investidor. Um planejador financeiro CFP®, certificado pela Planejar, pode ajudar a interpretar métricas como Sharpe, volatilidade, drawdown e tracking error de acordo com o perfil de cada investidor. Assim, a decisão deixa de ser apenas “apostar na próxima grande tecnologia” e passa a ser parte de um plano sólido para o futuro.

Isabela Bessa é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro.
E-mail:
isabelabessasantos@gmail.com

As respostas refletem as opiniões do autor e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: consultoriofinanceiro@planejar.org.br

Confira a publicação original do artigo: Valor Econômico