
Como ajustar a carteira aos ciclos econômicos?
4 de ago. de 2025
Alessandra Goltara, CFP®, responde:
A economia brasileira vive um movimento constante de altos e baixos que chamamos de ciclos econômicos (expansão, pico, contração e recessão). Como o mar, ora está calmo, ora revolto. Saber navegar nessas águas é o que separa investidores preparados daqueles que ficam à deriva. Vamos entender como identificar cada fase desse ciclo e ajustar sua carteira de forma inteligente.
Tudo começa com a taxa Selic, nossa principal bússola econômica. Quando ela cai, as empresas respiram aliviadas, pois, com o crédito mais barato, há a possibilidade de incrementar os investimentos, obter mais lucros e contratar mais funcionários. Com essas medidas, a renda das famílias e o consumo aumentam, e o mercado acionário começa a brilhar. Foi o que vimos claramente em 2019.
Mas a bonança não dura para sempre. Chega um momento em que os preços começam a subir demais. O Banco Central lança âncoras, elevando a Selic para conter o ímpeto inflacionário. O crédito encarece, as empresas sentem o golpe e a bolsa perde fôlego. É quando os investidores mais experientes começam a proteger seu capital.
No ciclo da expansão, a taxa Selic está em patamares mais baixos. Portanto, é um bom momento para aumentar a exposição do portfólio com renda variável, desde que os riscos intrínsecos, a diversificação e o perfil do investidor sejam considerados. Setores como tecnologia e consumo costumam dar alegria aos investidores. Aqueles que conseguem alocar os recursos de forma eficiente em renda variável logo no início dessa fase são beneficiados por toda a valorização que ainda vão obter na carteira até a próxima fase.
Os ventos começam a mudar. No pico, a economia vivencia a produção de produtos e serviços em seu ponto máximo e com demanda igualmente majorada. A pressão inflacionária começa a despontar. Embora este possa ser o momento de altas históricas na bolsa, é hora de colher parte dos frutos. Realize lucros em ações que valorizaram muito e comece a intensificar a alocação em renda fixa. Revise a estratégia de proteção da carteira (hedge) em ouro e dólar.
Na contração e recessão, o mar está revolto: diminuição da atividade econômica no país, aumento da taxa de desemprego e inflação forçam a necessidade do aumento da taxa Selic para a contenção dos preços. Neste momento, o mercado está pessimista e a bolsa em baixa. Apesar disso, esta é a melhor oportunidade para vislumbrar um horizonte de longo prazo, pois ações de boas empresas ficam em liquidação. Quem comprou em 2015 sabe bem disso. Fazer novos aportes em renda variável com preço descontado possibilita ao investidor surfar a próxima fase de expansão e de pico.
Na prática: defina o percentual de alocação em renda fixa (RF) e renda variável (RV) da sua carteira, conforme sua tolerância a risco. Na expansão, considere aumentar a exposição em RV e diminuir o percentual em RF. No pico, avalie diminuir a exposição em RV, comprar mais ativos de proteção e mais RF. Na contração/recessão, gradativamente, considere comprar mais RV para aproveitar os preços em baixa.
Os ciclos econômicos são como marés — vêm e vão, mas investidores preparados sabem navegar em qualquer condição. Um planejador financeiro certificado (CFP®) pode ser seu guia nessa jornada, ajudando a ajustar as velas quando o vento mudar.
Alessandra Goltara é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: agoltara@gmail.com
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: consultoriofinanceiro@planejar.org.br

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