
Uma hipoteca com taxa ajustável? O que fazer agora?
29 de abr. de 2025
Débora de Souza, CFP®, responde:
Constantemente ouve-se falar que as incertezas econômicas afetam a taxa básica de juros, a taxa Selic, que serve de parâmetro para outras taxas de juros praticadas no país e exerce grande influência sobre os financiamentos, impactando significativamente o custo do crédito especialmente para os contratos de hipoteca com taxa ajustável.
Mas afinal, o que é uma hipoteca de taxa ajustável? É uma modalidade de financiamento na qual o imóvel é dado em garantia de pagamento e a parcela é recalculada periodicamente com base no índice de correção escolhido. Significa dizer que, quando a taxa de juros sobe, o custo do crédito aumenta e encarece o custo total do financiamento. Os ajustes periódicos permitem que a taxa de juros reflita as condições atuais do mercado, e para essa modalidade de contrato o financiamento apresentará ao tomador taxas iniciais mais baixas no ato da contratação quando comparadas com as taxas fixas. Importante destacar que uma hipoteca com taxa ajustável exige monitoramento constante das mudanças na taxa Selic e os índices de correção do contrato para evitar descontrole financeiro.
Nos últimos anos a taxa Selic tem sofrido variações notáveis, impulsionada pela pressão inflacionária e a instabilidade econômica. Para o tomador do empréstimo com taxa ajustável, o comportamento dos juros ao longo do tempo poderá prejudicar o comprometimento da renda, visto que as taxas dependem das condições de mercado, sendo assim difícil “prever” a correção das parcelas, o que resulta em pagamentos mensais mais elevados e afeta negativamente o orçamento pessoal/familiar com o valor final da prestação.
Para quem tem uma hipoteca de taxa ajustável e está preocupado com o aumento das parcelas, é importante avaliar estratégias como (i) refinanciar o contrato para uma taxa fixa, com portabilidade de crédito que apresente condições mais vantajosas – assim, a pessoa terá mais previsibilidade do valor das parcelas ao longo do tempo; (ii) amortizar o saldo devedor, se for possível reduzir o valor total financiado – consequentemente, o índice de correção sobre o reajuste será menor, aliviando assim o peso das parcelas no orçamento; e (iii) criar um fundo de emergência – considere criar, caso ainda não tenha, uma reserva de emergência, e assim poderá cobrir aumentos inesperados com a correção das parcelas.
Ressaltamos que, em períodos de estabilidade econômica e baixa inflação, esse tipo de financiamento pode ser vantajoso por oferecer parcelas iniciais mais acessíveis, possibilitando uma economia no custo total do financiamento caso haja queda na taxa de juros diminuindo o valor das parcelas.
Destaca-se que, no Brasil, não se trabalha com essa modalidade de contratos de hipoteca com juros ajustáveis para garantir estabilidade financeira aos tomadores de empréstimos e a proteção dos consumidores, visto que a economia apresenta uma instabilidade histórica marcada por variações consideráveis na inflação e nas taxas de juros. O sistema financeiro do país é preponderantemente conservador. Atua-se com produtos que apresentam taxas fixas ou que são ajustadas de acordo com índices como o IPCA, reduzindo assim o risco de crises semelhantes à que aconteceu nos Estados Unidos em 2008, a “Crise do Subprime”. Essa crise foi causada principalmente pela concessão excessiva de empréstimos imobiliários com taxas ajustáveis que subiram rapidamente, tornando as parcelas impagáveis para muitos mutuários, o que generalizou a inadimplência e desencadeou uma crise global que afetou bancos e economias de diversos países.
Um bom planejamento financeiro se faz necessário para minimizar os impactos negativos. Sugerimos procurar um profissional especializado de sua confiança para planejar uma estratégia eficiente, que proporcione a execução de uma margem de segurança para as correções periódicas da hipoteca com taxa ajustável. Sugerimos também a criação ou incremento de uma reserva de emergência, com a alocação de recursos em ativos de alta liquidez e que acompanhem a variação da taxa de juros, bem como a realização do monitoramento constante do plano e a revisão orçamentária, evitando gastos supérfluos.
Débora Maria de Souza é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. Email: deboramsouzacfp@gmail.com
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

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