Sucesso no funk exige plano: Planejar aponta quanto um artista precisa investir para manter renda após 10 anos no auge

18 de set. de 2025

Mesmo com renda mensal alta, a falta de organização financeira pode comprometer o futuro dos artistas após o pico da carreira

São Paulo, 18 de setembro de 2025 – O auge da carreira de um artista de funk pode durar apenas uma década, mas a vida financeira vai muito além dos palcos. A pergunta que muitos ignoram é: como manter o padrão de vida depois que os shows pararem? Uma simulação feita por Clay Gonçalves, planejadora financeira CFP® da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), mostra o tamanho do desafio. Segundo os cálculos, um funkeiro que ganha R$ 160 mil por mês durante dez anos precisaria investir boa parte desse valor mensalmente para garantir uma aposentadoria confortável e estável, capaz de sustentar sua vida após o auge da fama.

Para assegurar R$ 50 mil de renda vitalícia, ele deve poupar R$ 55.760 por mês ao longo dos dez anos. Isso significa que, ao final do período, o total acumulado seria de R$ 9.348.977,91. Nesse modelo, considera-se que o patrimônio será investido com uma rentabilidade anual real de 6,61% e que o artista fará saques mensais apenas dos rendimentos, sem nunca consumir o principal. Em outras palavras, esse patrimônio se torna perene: ele se mantém intacto e rende indefinidamente, garantindo a renda de R$ 50 mil enquanto as condições de rentabilidade forem preservadas.

É importante destacar, porém, que projeções financeiras são sempre um alvo móvel. O mercado pode oscilar ao longo dos anos, expondo o patrimônio a taxas de juros maiores ou menores em determinados períodos. A expectativa é que, na média, o rendimento real se mantenha em torno dos 6,61% ao ano, taxa que se baseia em estimativas de longo prazo divulgadas pelo Banco Central. Outro ponto relevante é que, ao optar por uma renda vitalícia, a idade de aposentadoria se torna indiferente: o que importa é atingir o patrimônio acumulado. Ou seja, o artista pode atingir a meta aos 30, aos 40 ou aos 50 anos, desde que chegue ao montante de R$ 9,3 milhões. Nesta simulação, a premissa foi poupar por dez anos, mas nada impede que o período seja maior ou menor, desde que se alcance o valor necessário.

Se o objetivo for manter essa renda de R$ 50 mil apenas por 30 anos, e não de forma vitalícia, o esforço mensal cai para R$ 47.587. Nesse caso, estamos falando de uma renda não vitalícia: o patrimônio seria consumido gradualmente até acabar ao final do período estipulado. Assim, se o artista se aposentar com 40 anos, o patrimônio terminaria aos 70. Para prolongar até os 100 anos de idade, seria preciso aportar R$ 54.567 por mês durante os dez anos de poupança.

Já para quem sonha em sustentar uma aposentadoria de R$ 80 mil por mês, os aportes necessários são ainda maiores: R$ 89.215 por mês para o resto da vida ou R$ 76.140 mensais para 30 anos de tranquilidade. Os cálculos reforçam um ponto essencial: mesmo rendas altas não garantem, por si só, estabilidade no futuro. “O que não é viável é manter indefinidamente o consumo de R$ 160 mil por mês. Para isso, seria preciso poupar R$ 152.279 todos os meses, durante dez anos, só para sustentar essa renda por 30 anos”, explica a especialista.


INSS: complemento ou única saída

Mesmo para quem fatura cifras milionárias, Gonçalves destaca a importância de contribuir com o INSS. “Sempre vale a pena pagar. Além de garantir ao menos um salário mínimo no futuro, funciona como um seguro social para o artista e sua família”, afirma. No caso de carreiras de alta renda, o benefício será apenas complementar, mas, se o planejamento privado não sair do papel, pode se tornar a única fonte de renda na aposentadoria. Esse ponto mostra que a previdência oficial, muitas vezes ignorada, é uma camada mínima de segurança e deveria ser tratada como parte obrigatória da estratégia financeira.


Armadilhas do sucesso rápido

O planejamento, segundo a planejadora financeira, precisa começar desde o primeiro cachê. Entre as armadilhas mais comuns dos artistas em ascensão estão a compra de carros de luxo e imóveis de alto valor, que geram custos fixos pesados, além do investimento em negócios pouco conhecidos, que podem resultar em prejuízos. “Não basta ganhar muito, é preciso transformar renda em patrimônio. E isso requer estratégia e apoio técnico”, alerta. Para Gonçalves, o erro mais comum é confundir renda com riqueza, já que sem poupança e disciplina financeira, todo o dinheiro acumulado pode desaparecer rapidamente.

Outro ponto frequente é a pressão para ajudar a família e a comunidade imediatamente. Para Gonçalves, esse apoio deve ser feito de forma gradual e sustentável, de modo a não comprometer a saúde financeira do artista. “É como colocar o colete em si antes de salvar alguém no mar. A prosperidade só se perpetua se houver reservas e segurança de curto prazo.” Segundo a especialista, a empolgação do sucesso inicial pode levar a decisões precipitadas, mas é justamente nesse momento que se deve buscar orientação técnica e adotar práticas de proteção patrimonial consistentes.


O lado emocional da renda

A especialista observa que a mudança brusca de realidade financeira também pode trazer crises de identidade e decisões tomadas sem a devida análise crítica. “Não raro, a percepção de dinheiro fica distorcida. É comum a sensação de que os recursos nunca vão acabar, mas essa sensação distorcida de abundância pode ser ilusória.” Nesse cenário, ela recomenda que artistas contem com apoio de planejadores financeiros aliado a psicólogos. Essa combinação, segundo ela, permite lidar não apenas com números, mas também com emoções e pressões sociais, que muitas vezes pesam tanto quanto as decisões técnicas de investimento.


Outras fontes de renda

A construção de novos canais de receita também deve estar no radar. Participação em campanhas publicitárias, contratos de imagem e parcerias comerciais podem prolongar a capacidade de gerar renda mesmo após o fim das turnês. “A fama pode ser usada como alavanca para fontes mais perenes de receita, o que ajuda a consolidar patrimônio e garantir estabilidade de longo prazo”, conclui. Essa visão abre caminho para transformar a notoriedade adquirida nos palcos em negócios sustentáveis, que prolonguem o sucesso para além da música e ampliem a independência financeira.


Sobre a Planejar

A Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro) é a única instituição no Brasil autorizada a conceder a certificação CFP® (Certified Financial Planner). É afiliada ao FPSB (Financial Planning Standards Board) entidade norte-americana responsável pela divulgação, gerenciamento e controle do uso das marcas CFP® fora dos Estados Unidos.

O Brasil é o quinto país com mais planejadores financeiros certificados, com mais de 10,6 mil profissionais. No mundo, são mais de 230 mil. A certificação CFP® é uma certificação de distinção que traz um diferencial para a carreira do profissional. Para obtê-la, além de comprovar conhecimentos técnicos por meio de avaliação específica, o candidato também precisa comprovar formação acadêmica, experiência profissional e adesão a um código de ética. Para manter a certificação, o profissional precisa ainda cumprir requisitos de educação continuada.

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