Quando vale usar seguro para investir no exterior?

18 de ago. de 2025

Ivan Vianna , CFP®, responde:

Quem lida com investimentos e finanças pessoais vem acompanhando a internacionalização dos investimentos dos brasileiros. Diante dessa tendência, os planejadores financeiros com a certificação CFP® vêm reforçando a importância da proteção contra os riscos, através do uso de seguros e outras opções. Entretanto, nem sempre faz sentido ou mesmo é indicado a todos os investidores.

Ao investir por meio de uma corretora, você poderá estar exposto a flutuações do câmbio e, nesse caso, pode fazer sentido contratar, entre outros tipos de seguros, um “hedge cambial”, ou seja, se proteger da desvalorização do seu capital investido.

Investimentos de longo prazo têm, por natureza, uma maior imprevisibilidade quanto ao futuro, em outras palavras, um risco mais elevado. Ao investir em ativos de private equity ou venture capital (investimento em empresas privadas não listadas em bolsa, geralmente por meio de um fundo de investimento); fundos imobiliários globais (REITs); ETFs; títulos de renda fixa de longo prazo (Treasuries, TIPs ou Bonds); investimentos alternativos e commodities (como ouro físico), talvez valha a pena se proteger com seguros.

Ao investir em ações de empresas “small caps” (de baixa capitalização nas bolsas de valores), em derivativos ou criptomoedas, considere também seguros para reduzir o risco de perdas se o mercado sofrer uma queda brusca.

Já para os investidores com pouco valor investido – hoje é possível abrir conta no exterior sem um valor mínimo obrigatório – o custo de seguros pode ser muito caro.

Para investimentos de longo prazo e maior risco, as perdas de curto prazo fazem parte do esperado. O custo de um seguro pode corroer todo o retorno desses ativos.

E muitas corretoras já oferecem seguros do tipo SIPC (EUA), que protegem contra a falência da instituição, mas não contra perdas de mercado.

Como saber qual o melhor tipo?

Para investidores de menor volume, opções que não são consideradas seguros podem cumprir a mesma função.

A “proteção” mais recomendada é a velha e conhecida diversificação. Não concentrar seus recursos em apenas um tipo de investimento ou ativo, e para ativos de longo prazo e maior risco, realizar o planejamento adequado de alocação de ativos (Asset Allocation) com seu consultor ou banker. Esta talvez seja a melhor proteção contra perdas financeiras.

Certos produtos financeiros incluem uma "garantia parcial" ou total sobre o valor aplicado (ex: notas estruturadas com capital protegido em dólar). Não são tecnicamente um seguro, mas atuam como proteção contra perdas financeiras.

O hedge cambial. Por ser caro para o pequeno investidor, há outras formas de proteção: com fundos de investimento cambiais ou multimercados com proteção; via aplicação em ativos no exterior já denominados em reais (ou com hedge); via ETFs ou BDRs com hedge cambial; uso de contratos de mini dólar (DOL ou WDO) na B3, para travar o valor da moeda; compra de opções de dólar na B3.

Para investidores mais experientes, o uso de ativos descorrelacionados, como o ouro e criptomoedas, e estratégias de proteção com opções (puts) também podem funcionar

A melhor proteção sempre será alinhar seus investimentos com seus projetos e sonhos, contar com o tempo a seu favor e com planejadores financeiros com expertise comprovada para te ajudar nesse processo.  

Ivan Luiz de Almeida Vianna é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro.
E-mail:
ivanlvianna@gmail.com

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: consultoriofinanceiro@planejar.org.br