
Quando pode fazer sentido trocar dívidas caras por um crédito com garantia, como home equity?
17 de set. de 2025
Elisandro Nunes, CFP®, responde:
No Brasil, muitos consumidores recorrem ao cartão de crédito e ao cheque especial como forma de lidar com imprevistos no orçamento. Essas linhas de crédito, no entanto, estão entre as mais caras do mercado. De acordo com dados do Banco Central, as taxas de juros anuais nessas modalidades podem ultrapassar três dígitos, tornando a dívida difícil de ser controlada.
Diante desse cenário, surge a possibilidade de trocar essas dívidas caras por um crédito com garantia, como o chamado home equity (empréstimo/crédito com garantia de imóvel). Mas em quais situações essa estratégia pode fazer sentido em um processo estruturado de planejamento financeiro?
O primeiro ponto a destacar é que o crédito com garantia tende a oferecer taxas de juros bem mais baixas em relação ao cartão de crédito e ao cheque especial. Isso ocorre porque o credor passa a ter um bem em garantia (como um imóvel), o que reduz o risco da operação e permite alongar prazos de pagamento. Na prática, essa diferença pode significar uma redução relevante do valor da parcela mensal, trazendo alívio imediato ao fluxo de caixa da família ou do indivíduo.
Outro benefício é a possibilidade de organizar dívidas dispersas em um único contrato. Imagine uma pessoa que possua saldo negativo no cheque especial, parcelas em atraso no cartão de crédito e ainda um empréstimo pessoal com juros elevados. Ao reunir esses compromissos em um crédito com garantia de menor custo, ela consegue clareza sobre o total devido e maior previsibilidade no planejamento de suas finanças.
No entanto, é fundamental destacar que essa decisão não pode ser vista como solução automática. O crédito com garantia, apesar de mais barato, envolve riscos. O mais evidente é o risco de perder o bem dado em garantia em caso de inadimplência. Isso torna imprescindível a análise criteriosa da capacidade de pagamento antes da contratação, algo que deve ser feito em conjunto com um planejador financeiro certificado (CFP®), que tem a responsabilidade de avaliar a situação de forma isenta e técnica.
Além disso, o prazo mais longo desse tipo de crédito pode levar a um custo total elevado se não houver estratégia de quitação antecipada. Por exemplo, se o tomador pagar as parcelas apenas no prazo máximo, pode acabar desembolsando valores consideráveis em juros, mesmo com taxas menores. Nesse contexto, um plano de amortização planejado, aliado à disciplina financeira, é essencial.
Outro ponto crítico está relacionado ao comportamento. Muitas vezes, a dificuldade financeira não está apenas no custo do crédito, mas nos hábitos de consumo que levam ao endividamento. Se a pessoa trocar dívidas caras por um crédito com garantia, mas continuar utilizando o cartão de crédito ou o cheque especial sem controle, corre o risco de acumular novamente débitos nessas linhas e, ao mesmo tempo, manter a nova dívida de longo prazo. Esse é um cenário perigoso que pode comprometer ainda mais o patrimônio.
Por isso, ao considerar essa estratégia, o ideal é que ela esteja inserida em um processo de planejamento financeiro estruturado, com etapas claras de diagnóstico, organização, definição de metas e acompanhamento. Um planejador financeiro certificado pela Planejar, com a certificação CFP®, pode auxiliar o cliente a compreender não apenas as condições financeiras da operação, mas também os impactos comportamentais e patrimoniais envolvidos.
Em resumo, trocar dívidas caras por um crédito com garantia pode fazer sentido em situações específicas, desde que seja parte de um plano consistente para reorganizar as finanças e evitar novos ciclos de endividamento. A disciplina e a educação financeira são peças-chave para que essa decisão traga benefícios no longo prazo.
Elisandro Nunes é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: elisandrosonu@gmail.com
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