
Quando a transferência de financiamento de uma instituição para outra vale a pena?
31 de mar. de 2025
Otavio Fiuza, CFP®, responde:
A portabilidade de financiamento é o processo que permite a transferência de um contrato de crédito de uma instituição financeira para outra, geralmente motivada pela busca por condições de pagamento mais vantajosas, como taxas de juros menores. Em períodos de queda na taxa básica de juros, essa alternativa ganha ainda mais relevância, já que possibilita ao consumidor renegociar o financiamento com custos reduzidos. Apesar disso, é importante estar atento às oscilações no cenário econômico, que incluem momentos de alta e baixa nos juros, para identificar as melhores oportunidades, especialmente para financiamentos de longo prazo, como os imobiliários.
Para determinar se a portabilidade é realmente vantajosa, o consumidor deve realizar uma análise detalhada do Custo Efetivo Total (CET) do novo contrato. Esse indicador não abrange apenas a taxa de juros, mas também inclui encargos adicionais, como seguros obrigatórios e taxas administrativas. Assim, uma taxa de juros aparentemente mais baixa pode não compensar se os custos adicionais forem elevados. Outro ponto crucial é a avaliação da troca do indexador da taxa de juros, como a substituição do IPCA pelo CDI, por exemplo, que pode impactar consideravelmente o CET ao longo do contrato, alterando o valor final do financiamento.
Além da taxa de juros, outros aspectos precisam ser ponderados. Em financiamentos imobiliários, por exemplo, há seguros obrigatórios, como o seguro de morte e invalidez permanente (MIP) e o seguro de danos físicos ao imóvel (DFI), que são renovados ao longo do contrato. Em alguns casos, mesmo com uma redução nos juros, o aumento no custo desses seguros pode anular a economia esperada.
A portabilidade permite reduzir o custo do financiamento ao transferir o contrato para outra instituição com melhores condições. Contudo, é essencial avaliar o cenário econômico e as taxas de juros vigentes. Em períodos de juros altos, a portabilidade pode não ser vantajosa, já que as taxas disponíveis podem ser similares ou superiores às do contrato atual. Já em ciclos de queda, torna-se uma estratégia eficaz para renegociar melhores condições.
É importante considerar o saldo devedor e o prazo restante do financiamento. Em contratos próximos do vencimento, a economia com a portabilidade tende a ser menor, pois, nos primeiros anos, as parcelas são compostas majoritariamente por juros. Com o tempo, os juros diminuem e a amortização aumenta.
A transferência de financiamento conta com regulamentação do Banco Central e da Febraban, que assegura transparência nas novas condições e impede que a instituição original dificulte o processo. Essas normas protegem o consumidor, facilitando a portabilidade sem barreiras indevidas.
Quando utilizada estrategicamente, a portabilidade de financiamento permite uma redução significativa nas parcelas e nos custos financeiros totais, proporcionando alívio no endividamento e liberando recursos que podem ser destinados a outras finalidades, como quitação de dívidas ou criação de uma reserva de emergência. Para que a portabilidade seja vantajosa, é crucial uma análise detalhada do CET, dos encargos adicionais e do cenário econômico, assegurando que a economia gerada supere os custos de transação, como seguros. Com planejamento cuidadoso e no momento certo, a portabilidade se torna uma ferramenta valiosa para otimizar o orçamento e favorecer uma gestão financeira mais equilibrada e eficiente.
Otavio Fiuza é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: (otavio_ofn@icloud.com)
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: consultoriofinanceiro@planejar.org.br

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