Quais as implicações fiscais de seguros resgatáveis versus previdência privada?

14 de abr. de 2025

Thaís Maiochi, CFP®, responde:

Ao escolher entre seguros resgatáveis e previdência privada como ferramentas de planejamento financeiro e sucessório, é essencial compreender as diferenças tributárias e as implicações fiscais de cada opção. Ambos os produtos podem ser utilizados para proteger o patrimônio, planejar o futuro e garantir a tranquilidade dos beneficiários na sucessão, mas apresentam características distintas que influenciam na decisão.

Os seguros resgatáveis são instrumentos que combinam proteção e acumulação de capital. Esses produtos permitem o resgate de parte dos valores pagos ao longo do tempo. Em caso de falecimento do segurado, os valores destinados aos beneficiários são, em sua maioria, isentos de IR e de ITCMD, dependendo da legislação estadual. Essa isenção é uma vantagem significativa, pois permite que os beneficiários acessem os recursos diretamente, sem a necessidade de passar pelo inventário, garantindo agilidade e evitando custos adicionais.

Contudo, caso o segurado decida realizar o resgate em vida, é possível que haja incidência de tributação, dependendo do tipo de rendimento gerado no período. Por isso, é fundamental analisar as condições contratuais da apólice e consultar um especialista para evitar surpresas fiscais. O seguro resgatável também se destaca como um instrumento eficiente no planejamento sucessório, já que não integra o espólio do falecido e, portanto, não está sujeito às mesmas obrigações e prazos de inventários tradicionais.

Por outro lado, a previdência privada é amplamente utilizada como ferramenta para acumulação de recursos e planejamento fiscal. Dividida em dois tipos principais, PGBL e VGBL, sua tributação varia conforme o objetivo e o perfil do investidor.

O PGBL é indicado para quem faz a declaração completa do Imposto de Renda, pois permite deduzir até 12% da renda bruta anual da base de cálculo do imposto. Essa dedução pode gerar economia tributária no curto prazo, mas no momento do resgate ou recebimento dos benefícios, o imposto incidirá sobre o valor total acumulado, incluindo as contribuições e os rendimentos. Já o VGBL é mais apropriado para quem declara o IR no modelo simplificado ou já atingiu o limite de deduções: a tributação ocorre apenas sobre os rendimentos no momento do resgate.

Outro aspecto relevante da previdência privada é a escolha da tabela de tributação. A tabela progressiva segue as alíquotas do Imposto de Renda, variando de 0% a 27,5% de acordo com o valor resgatado e a renda total do beneficiário. Já a tabela regressiva, ideal para o longo prazo, começa com uma alíquota de 35%, que diminui gradativamente até atingir 10% após 10 anos de aplicação. Além disso, os planos de previdência privada, assim como os seguros resgatáveis, geralmente não integram o inventário e podem ser isentos de ITCMD em muitos estados, dependendo da legislação local.

Dessa forma, tanto os seguros resgatáveis quanto a previdência privada oferecem benefícios fiscais e sucessórios significativos, mas suas diferenças tornam a escolha dependente dos objetivos pessoais e do horizonte de planejamento. Identificar qual produto melhor atende às suas necessidades pode parecer desafiador, mas é justamente nesse momento que o suporte de um especialista em planejamento financeiro faz toda a diferença. Um profissional certificado poderá avaliar seu perfil, considerar as particularidades da legislação vigente e traçar estratégias alinhadas aos seus objetivos de longo prazo, garantindo que as decisões tomadas hoje ofereçam a melhor proteção e eficiência fiscal para o futuro.

Thaís Maiochi é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: thais.maiochi@versoinvestimentos.com.br

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