Planejamento financeiro ajuda quem inicia carreira

18 de jul. de 2016

Guilherme Ferreira de Toledo Lourenço, CFP, com a colaboração de José Carlos Silva Cravo, responde:

"Como jovens que estão iniciando suas atividades no mercado de trabalho (ou até estudantes) podem começar seu planejamento financeiro?"

Guilherme Ferreira de Toledo Lourenço, CFP, com a colaboração de José Carlos Silva Cravo, responde:

O questionamento do leitor é muito relevante, principalmente nos dias atuais, uma vez que os jovens têm acesso a uma diversidade de informações que podem, ao mesmo tempo, confundi-los ou auxiliá-los na realização de seus sonhos. Para uma maior assertividade na tomada de decisão em seu planejamento financeiro, o jovem deve alinhar os seus objetivos a seu atual momento de vida para que não corra riscos desnecessários. Ressaltamos que, quanto mais cedo o jovem iniciar seu planejamento, menores serão os valores que ele precisará poupar (comparando com aqueles que começam mais tarde) e mais tempo ele terá para ser arrojado nos seus investimentos, lembrando que o período de vida produtiva de uma pessoa deve ser suficiente para que ela possa conquistar seus sonhos.

Esta mudança de comportamento só fará sentido para o jovem se ele compreender a importância do planejamento e, para iniciá-lo, é necessário definir objetivos e analisar a atual situação financeira. Com um simples orçamento listando seus ganhos (salários, honorários, trabalhos freelancers etc.) e despesas (aluguéis, prestações, cartões de crédito, mensalidades etc.), teremos um mapeamento das finanças pessoais de maneira precisa.

Como os jovens geralmente têm, no início de carreira, rendas mais baixas e muitas despesas, a primeira atitude que devem tomar é determinar um percentual das suas receitas mensais para investir, tal como se fosse a primeira "despesa" no orçamento.

Ao investir ocasionalmente ou quando há sobras de dinheiro, o jovem terá menor probabilidade de sucesso pois assim lhe serão exigidos esforços bem maiores no futuro. Mantendo uma proporção de, por exemplo, 10% das rendas, o jovem investidor terá sempre um valor de poupança compatível ao longo do tempo, antevendo futuras variações de receita.

O segundo passo é a escolha dos investimentos, a qual deve englobar questões como o perfil do investidor (conservador, moderado ou arrojado), horizonte de utilização dos recursos e o nível de liquidez necessária para reservas emergenciais.

Existem diversas alternativas de investimentos atualmente no mercado brasileiro e que cabem no bolso de qualquer pessoa, tais como CDBs, LCIs, LCAs e fundos de renda fixa. Previdência privada e títulos do Tesouro Nacional podem ser boas alternativas, mas devem ser bem estudadas pois são mais assertivas no longo prazo.

É importante salientar que qualquer tipo de investimento incorrerá em custos que, dependendo da escolha do cliente, podem inviabilizar a eficácia do planejamento. Faz-se necessária também uma revisão periódica da estratégia adotada, uma vez que o cenário econômico é muito dinâmico e as projeções em uma determinada data podem sofrer desde ajustes leves até mesmo alterações mais bruscas. A revisão servirá ainda para nortear o jovem nas mudanças de sua vida pessoal como casamento, nascimento de filhos, perda de emprego, entre outras.

De fato, não há fórmulas mágicas ou receitas prontas para a elaboração de um planejamento financeiro, já que as pessoas são diferentes uma das outras e têm reações e necessidades distintas, mas podemos afirmar que com uma estratégia bem definida, paciência e, principalmente, disciplina, o investidor conseguirá, dentro de suas possibilidades, realizar seus objetivos financeiros.

Guilherme Ferreira de Toledo Lourenço é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). E-mail: guilherme.lourenco@santander.com.br.

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 18 de julho de 2016.