Negociar com credores pode reduzir minha dívida? Como?

28 de abr. de 2025

Rafael Moteiro, CFP®, responde:

Ao contrair uma dívida, muitas pessoas se perguntam: “Será que conseguirei pagá-la?”. Por outro lado, algumas acabam se endividando sem perceber e enfrentam grande dificuldade para sair dessa situação.


Conforme o Mapa da Inadimplência e Negociações de Dívidas da Serasa, com dados de setembro de 2024, o Brasil possui 72,64 milhões de pessoas inadimplentes, o que equivale a aproximadamente 45% da população adulta. As principais dívidas estão relacionadas a bancos e cartões de crédito, sendo que quase 70% dessas pessoas têm entre 26 e 60 anos. O valor médio da dívida por pessoa é de R$ 5.439,20.


As dívidas não impactam apenas a saúde financeira, mas também afetam significativamente a saúde emocional e física. Essa relação foi destacada no artigo “How Can Debt and Money Issues Impact Your Mental Health?” (Como as dívidas e os problemas financeiros podem afetar sua saúde mental?), publicado pela Equifax Inc., que apresenta estudos recentes realizados nos Estados Unidos.


Quando as dívidas ultrapassam o que podemos pagar ou comprometem o orçamento familiar devido à perda de renda, é essencial avaliar os juros praticados pelos credores. Isso ajuda a identificar oportunidades para renegociar ou trocar uma dívida com juros elevados por outra com juros menores, aliviando o peso financeiro.


Por exemplo, suponha que você tenha uma dívida de R$ 5.000,00 com juros mensais de 4% (R$ 200,00). Caso opte por um crédito consignado com juros de 2,5% ao mês, os juros mensais cairiam para R$ 125,00. Essa troca pode reduzir significativamente o custo da dívida, tornando-a mais fácil de pagar. Além do crédito consignado, existem outras modalidades para quem não tem acesso a essa opção, como linhas de crédito com garantia de veículo ou imóvel. Outra estratégia é realizar cotações em diferentes instituições financeiras, o que pode abrir margem para negociações mais vantajosas.


A renegociação também pode ser realizada por meio de feirões promovidos por instituições financeiras ou empresas de crédito. No entanto, é importante ter cuidado ao buscar ajuda. Existem organizações confiáveis de aconselhamento financeiro, mas também há golpistas que exploram pessoas em busca de soluções rápidas. Desconfie de serviços que prometem quitar dívidas rapidamente ou que exigem pagamento antecipado antes de oferecer assistência.


Paralelamente, é fundamental fazer um planejamento financeiro para evitar novos endividamentos. Uma das recomendações é criar uma reserva de emergência equivalente a 6 a 12 meses da renda líquida, a ser utilizada em casos de perda de renda ou desemprego. Essa reserva deve ser aplicada em produtos de investimento com liquidez imediata e risco baixo, como, por exemplo, CDBs de grandes bancos ou Tesouro Selic.


Adotar essas práticas não apenas ajuda a lidar com as dívidas existentes, mas também contribui para melhorar a saúde mental e física, proporcionando maior segurança e tranquilidade financeira no longo prazo.

Rafael Monteiro Ue é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: rafael_geografia@yahoo.com.br

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: consultoriofinanceiro@planejar.org.br